quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Work AC - Edible Schoolyard

Edible Schoolyard - traduzido "pátio da escola comestível"

O atelier WorkAC em colaboração com o Edible Schoolyard NY e a Alice Waters’ Chez Panisse Foundation conceberão uma nova escola que irá fornecer aos jovens nova-iorquinos uma experiência de aprendizagem diferente. O projecto possui uma série de sistemas sustentáveis interligados que produzem energia, onde a água da chuva é recolhida, processa-se à compostagem de resíduos tornando a infraestrutura auto-sustentável em vários aspectos.
O coração do projecto é a cozinha que funciona como sala de aula, onde cerca de trinta alunos poderão preparar e saborear as suas refeições juntos. A parte central está coberta por uma estrutura móvel que dependendo da época de cultivo poderá servir de estufa ou de abrigo de forma a permitir que as crianças possam cuidas das plantas.

Existe a perfeita consciência de que hoje, a sociedade é regida por novos comandos, por uma tecnologia computorizada que invade o nosso espaço pessoal, que tem substituído os livros por ebooks, referências bibliográficas por hiperligações, a ida à biblioteca por pesquisas na internet, dando azo a uma transformação, social, educacional e económica… Deste modo, este trabalho é uma óptima forma de introduzir métodos sustentáveis na vida das crianças construindo uma consciência ecológica de uma população eminentemente urbana, que garanta o usufruo de produtos agrícolas de qualidade sem prejudicar o ambiente às gerações de hoje e às de amanhã.

fonte:WorkAC

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

STEAMPUNK TREE HOUSE

Se imaginarmos um outro tipo de árvore?! Um tipo que pode aparecer num futuro não muito distante... A memória de uma árvore leva-nos para um imaginário romântico, onde o verde se manifesta em todo o seu esplendor, no entanto ,o grupo steamtreehouse através da reutilização de materiais deu forma a uma nova espécie.
A Steampunk Tree House, como podemos ver pelas imagens, representa uma relação mutante que se mostra benéfica entre as pessoas e a natureza. Esta "casa da árvore" é construída com madeira reciclada, componentes mecânicos e aço.
Numa época em que a preocupação com a reutilização, a redução e a reciclagem são o mote de vários debates, parece-me necessário destacar este tipo de trabalhos que de forma experimental podem ter um papel didáctico sobre a sociedade.
Como as crianças, nós subimos às árvores! Seja por diversão ou como um refúgio da nossa vida terrestre, os braços acolhedores de uma árvore sempre ofereceram um pouco de desafio, uma sensação de realização, de segurança, segurança e bem-estar.
Como adultos, sabemos que a nossa relação com o mundo natural é cada vez mais artificial. As actuais florestas estão a desaparecer. O clima está a mudar e as nossas relações sociais são cada vez mais superficiais.
Ao olharmos através das coisas que compramos,damos conta que estamos cada vez mais desligados do nosso ambiente e de uma conexão social genuína.
A Steampunk Tree House pode, certamente, lembrar as pessoas de um tempo mais simples, mais inocente. Pode servir como um lembrete da infância, e um exemplo de como os seres humanos podem viver em harmonia com a forma artificial da natureza.
No entanto, a árvore também pretende inspirar o pensamento crítico por parte dos seus moradores, incentivando os seus habitantes a reconsiderar a relação, muitas vezes paradoxal entre o homem e o ambiente do qual fazemos parte.


quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

A COMPLEXA HISTÓRIA DA SUSTENTABILIDADE

..


Eu realmente não sabia que o termo Sustentabilidade tinha aparecido pela primeira vez na Alemanha num manual de silvicultura em 1700!... Também não sabia que existiam pessoas a sentirem-se paranóicas com um suposto plano de conspiração por trás do aquecimento global!
Passo a publicidade - The Complex History of Sustainability - é um cronograma de tendências, autores e projectos de ficção feita por Amir Djalali, com a participação de Piet Vollaard. Este trabalho foi originalmente publicado na revista Volume #18 e tornado interactivo com a maceração do Google Maps. Ver AQUI!
Pode-se também descobrir toda uma panóplia de ficção utópica realizada ao longo dos anos e descobrir todo um conjunto de atictudes diferentes em relacção à natureza ao longo da história.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

COMEÇAR O ANO COM UMA UTOPIA - BROADACRE CITY


A Broadacre City surge num contexto muito específico pela mão do arquitecto Frank Lloyd Wright, o que faz com que a proposta apresente características de um determinado contexto cultural e histórico mas que tem certos traços pessoais fruto da postura de Wright.

Para Whight a cidade industrial enredada pela máquina perdeu a sua natureza, a sua lógica interna, a sua essência e arrastou consigo os cidadãos, que prisioneiros do maquinismo infernal perderam as suas referências, acabando por se tornarem marionetas – de produzir, de rentabilizar, de multiplicar. Devido à grande cidade industrial ter abandonado o valor da terra largando no esquecimento o verdadeiro valor do humano. Whight afirma: «a felicidade do cidadão convenientemente “urbanizado” consiste em aglutinar aos uns aos outros dentro da desordem, iludido como é pelo calor hipnótico e pelo contacto forçado com a multidão. A violência e o rumor mecânico da grande cidade agitam a sua cabeça “urbanizada”, enchem os seus ouvidos “urbanizados”. (…) Uma agitação perpétua excita-o, rouba-o à meditação e à reflexão (…) ele torna-se um agente, vendedor de ideias rentáveis, um viajante que explora as fraquezas humanas especulando com as ideias e invenções dos outros um parasita do espírito (…) perpétuo escravo do instinto gregário, (…) submisso um poder estranho».(1)

Whight vê na noção de aluguer um dos principais problemas da cidade, alugam-se habitações e terrenos, em nome da eficácia a cidade é alugada e sujeita à especulação do mercado e ao domínio do senhorio. «Este é um mundo que vive do parasitismo e da exploração; este é o mundo da pobreza de espírito; o reino dos estereótipos e de uma massa de gente desenfreada, “bonecos mecânicos” que se arrastam em rebanho movidos pelo artificialismo e pelo «instinto gregário». (2)

Assim, a Broadacre City nasce da crítica da realidade existente, de uma cidade inadequada, doente, perdida e transforma-se numa das grandes utopias do século XX. Em 1935, Whight apresenta nos E.U.A a maqueta do seu modelo de cidade (fig. Z), o modelo não se destinava a uma determinada área, não tendo um lugar específico, apresenta uma malha uniforme, contínua, que se alastra indeterminadamente, sem fronteiras, a solução absoluta. «A cidade convertida em nação.» (3)

Na Broadacre City é o campo que ganha vida sobre a forma de uma grande cidade, estende-se por todo o território, tornando cada cidadão num urbano e num camponês. A sua forma dispersa revogará qualquer tendência de convergência, que se tornaria numa mistura de funções ou de pessoas apertadas. Segundo Wright «os grandes centros urbanos já não estavam em vias de desaparecimento; eles tinham deixado logo de existir». (4) Numa era onde os meios de comunicação representam um sintoma importante na evolução dos modos de vida, onde a supressão/redução das distâncias constitui-se como um facto adquirido, a tendência à concentração entra necessariamente em decadência.

Assim, Whight cria a cidade do aventureiro, do nómada, a cidade que inspira liberdade, que respira movimento, coberta por um emaranhado de vias, estradas e auto-estradas, de redes de telecomunicações, uma grelha de fluxos, Broadacre City é, neste sentido, uma cidade de comunicação, do movimento, que pela sua grelha cada ponto encontra-se ligado potencialmente a todos os outros.

A natureza, surge na cidade como meio continuo, receptor de todo o sistema, é o principio fundamental e é nela que assentam todos os componentes que trabalham organicamente, garantindo o equilíbrio do Homem consigo mesmo e com os outro da cidade, onde a beleza da paisagem seria procurada como elemento da arquitectura.

Wright quer «resgatar o valor da terra enquanto direito do Homem, ou o do Homem enquanto herança fundamental da terra» (5) Mas, para isso Whight recupera a importância da máquina e das tecnologias, porque só a máquina poderá garantir as condições materiais para uma sociedade verdadeiramente democrática, a utilização da tecnologia poupará a morosidade das tarefas do Homem, oferecendo-lhe uma maior margem de prazeres. As novas tecnologias não são sinónimo de degradação das motivações e tarefas mais belas do ser humano, elas representam dados fundamentais na caracterização da época contemporânea e são os motores essenciais a uma sociedade moderna devendo ser levadas em conta em qualquer sociedade.

Hoje quando falamos em sustentabilidade sabemos que o planeta não é infinito, os territórios não são infinitos, e precisamos de ser mais económicos, a utopia de Wright nunca chegou a ser construída, muito devido à dispersão visto que cada pessoa teria um acre (aproximadamente 4046 m2) de terreno. Lloyd Wright não tinha a preocupação com a economia do território. O que ele tinha, e hoje mantém-se actual, era a necessidade de não estragar a natureza com as marcas do progresso.

Hoje vivemos num contexto de uma forte crise ambiental, que pode ser entendida como uma crise civilizacional. A violência urbana pode ser considerada um dos maiores distúrbios da sociedade actual, as leis são infringidas e perdem-se totalmente as noções de cidadania, base de sustentação para um melhor convívio social. Neste contexto o sistema urbano constitui, o grande desafio do futuro e a sustentabilidade é o objectivo de qualquer formulação que se considere progressista e comprometida com um futuro socialmente solidário e ambientalmente seguro.

As preocupações ambientais e humanas já existem há vários anos, a falta de energia e matéria-prima, o caos urbano, o trânsito e o excesso de calor aceleraram as discussões globais sobre as práticas arquitectónicas, que se vêm na necessidade de apresentarem soluções para os vários problemas que emergem.

Coloquemos os óculos verdes!
_______________________
1 in CHOAY, F., O Urbanismo. Utopias e Realidades. Uma Antologia pag. 236
2 in CHOAY, F., O Urbanismo. Utopias e Realidades. Uma Antologia pag. 237
3 in CHOAY, F., O Urbanismo. Utopias e Realidades. Uma Antologia pag. 242
4 in FISHMAN, R., L’Utopie Urbaine au XXe Siècle. Ebenezer Howard. pag. 97
5 in CHOAY, F., O Urbanismo. Utopias e Realidades. Uma Antologia pag. 241