Não poderia deixar de partilhar este texto da abarrigadeumaarquitecto onde o Daniel Carrapa fez-nos o favor de traduzir uma argumentação do Ira Glass, personalidade pública da rádio americana, que vai de encontro a algumas discussões que me vejo envolvido ultimamente... Enquanto jovens criadores temos de aceitar as nossas limitações e enfrenta-las com confiança, trabalho e uma boa dose de humildade, talvez assim consigamos singrar num mercado atrofiado, não por sorte mas por mérito.
Fica a transcrição:
"Ninguém diz isto a quem está a começar. Eu gostava que o tivessem partilhado comigo. Que todos nós, que fazemos trabalho criativo, somos atraídos para aqui porque temos “bom gosto”. Mas deparamo-nos com esta distância inultrapassável. Durante os primeiros anos em que estamos a fazer coisas, elas não são tão boas assim. Está a tentar ser bom, tem potencial, mas não chega lá. Agora o teu gosto, essa coisa que te atraiu esta área, está a funcionar em pleno. E o teu gosto é a razão pela qual o teu trabalho te desilude.
Muitas pessoas nunca ultrapassam esta fase. Desistem. Mas quase todas as pessoas que eu conheço, que fazem trabalho interessante, criativo, passaram por isto durante anos a fio. O tempo em que sabemos que o nosso trabalho não tem aquela chama especial que nós gostaríamos que tivesse. Todos passamos por isto. E se estás apenas a começar ou se estás a passar por esta fase, tens de saber que isto é normal e que a coisa mais importante que podes fazer é trabalhar muito. Só depois de teres atrás de ti um volume grande de trabalho é que conseguirás atravessar essa distância e o teu trabalho será tão bom como as tuas ambições. Eu demorei muito tempo a compreender isto. Demora tempo. E é normal demorar tempo. O que tens de fazer é lutar para percorrer esse caminho."
...digamos, uma questão de persistência.