segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Existirão afinal arquitectos insuficientes no mundo?




Com uma cobertura de plástico estendida sobre estacas atadas a qualquer coisa que se encontre, pode-se fazer uma "vivenda". Estas "vivendas" formam grupos e configuram campos de refugiados de todo o planeta desde o Afeganistão ao Burundi, na Sérvia, Nepal, Cambodja, Irão, etc, etc, etc...
Segundo a ONU, um refugiado é todo aquele que atravessa a fronteira do seu país para escapar à perseguição, fome guerra ou crises ambientais, ora, em todo o mundo existem 14 milhões de pessoas nestas condições. Na actualidade há centenas de organizações humanitárias que operam em todo o mundo para atender a este problema, no entanto são poucas as que se dedicam à "vivenda".Seguramente que estas situações abrem uma questão: onde andam os arquitectos, os urbanistas e planeadores urbanos, as pessoas indicadas para estudar e dar solução a este tipo de problemas?
A arquitectura moderna criou-se, entre outras coisas, uma forma a proporcionar às massas construções dignas, esteticamente agradáveis, práticas e baratas. A Bauhaus, por exemplo apontava construções dignas para a classe trabalhadora. Le Courbosier contribuiu ao fundar o Congrès Internationaux d' Architecture Moderne onde defendia cidades salpicadas por torres residenciais acessíveis.
Dado que a população mundial, assim como, as disparidades sociais estão num continuo-o crescente é um disparate o arquitecto só projectar para classes, sobretudo, média/alta. No entanto há exemplos como o do arquitecto Hassan Fathy que a partir dos anos 30 ensinou aos egípcios pobres como construir casas com ladrilhos de barro ou associações como os arquitectos sem fronteiras, ou ONG's como a architecture for humanity.
Parece-me sem sobra de dúvidas que modelos alternativos de módulos de emergência são um campo a explorar devido às soluções existentes em situações verdadeiramente graves serem pouco práticas e consequentemente obsoletas.
Ora, no mundo existem quase mil milhões de pessoas que vivem em lugares improvisados, em comunidades sem qualquer tipo de planificação ou ordenamento, sem qualidade de vida e com baixissímos recursos económicos... para estas pessoas não existe, certamente, International Style.
Não terá a arquitectura uma palavra a dizer sobre isto?! Existirão afinal arquitectos insuficientes no mundo?

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