quinta-feira, 30 de julho de 2009

A CAPSULE TOWER EM RISCO DE DEMOLIÇÃO


Um raro exemplo do Metabolismo japonês, projecto realizado pelo arquitecto Kisho Kurokawa a Capsule Tower
não é apenas uma magnifica obra de arquitectura, é a cristalização de um ideal. A sua existência é uma poderosa memória de caminhos que não foram seguidos, a possibilidade de formação de mundos e sistemas de valores diferentes, a arquitectura metabolista.

A estrutura do edifício encontra-se danificada, nenhuma instituição está interessada no seu restauro e os moradores já aprovaram a sua demolição à dois anos, o edifício se ainda está de pé é graças à crise financeira e não pela compreensão do seu interesse histórico. No entanto a sua demolição seria uma grande perda, a obra maestra de Kurokawa foi construída num momento em que o movimento metabolista começava a ceder, a estrutura constituída por 140 cápsulas foi concebida como uma espécie de hotel para pessoas de negócios que trabalhavam num elegante bairro de Ginza (Tokyo). No interior, cada apartamento é tão compacto como uma cápsula espacial, de lado há uma parede com uma bateria de electrodomésticos e armários, uma casa de banho do tamanho da de um avião e no canto oposto uma cama localizada ao pé de um grande óculo que se debruça sobre a atmosfera e liga a cidade ao pequeno modulo habitacional.
Mas, a importância do projecto está mais relacionada com as suas inovações estruturais e de como ela estabelece as opiniões do metabolismo sobre a evolução das cidades. Cada uma das cápsulas de betão foram armadas numa fábrica, incluindo detalhes como os tapetes e a adaptação das casas de banho. Em seguida, enviou-se para o local e montou-se uma por uma no aço e betão que abrigavam os elevadores, escadas e sistemas mecânicos do edifício. Assim, em teoria poderia-se juntar ou retirar cápsulas ao edifício, criando um sistema completamente flexível que pudesse adaptar-se às necessidades de uma sociedade em constante mudança. A construção tornou-se um símbolo das ambições tecnológicas do Japão e da existência cada vez mais nómada dos executivos.

Certamente seria muito difícil recuperar essa visão hoje. O edifício nunca foi, na realidade, muito flexível para incorporar e retirar cápsulas devido aos elevados custos. A ideia da cápsula tinha limitações evidentes e a falta de manutenção causou uma grave deterioração da estrutura e, consequentemente a qualidade de vida dos seus poucos moradores.

Pouco antes de falecer, Kisho Kurokawa (1934-2007) foi entrevistado pelo tokyo art beat e falou sobre a possibilidade da demolição da torre, recordemos o video da entrevista.



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