quinta-feira, 11 de novembro de 2010

O HOMEM PARANOIDE

... acabei de escrever a dissertação de mestrado, agora, espero pelo abalo positivo do orientador... sinto-me envolvido por um tédio visceral... preciso de trabalho urgentemente... parto para a elaboração do portefólio, curriculum, reúno os "Gigas" de informação e trabalho produzido, reparo numa evolução constante e relativamente sustentada da minha pessoa, sorrio, mas,.... vejo ao fundo um mercado de trabalho atrofiado e completamente canibal! Assusta-me, no tipo de Homem que me tornarei... Sim!? Este passo é grande... Ao longo deste ultimo ano tive oportunidade de reflectir sobre a sociedade actual e o espaço urbano, sobre este Homem que hoje vive dentro de múltiplas identidades deslizantes, Homem plural, que é chamado a reflectir sobre os mais variados temas, nunca com resposta clara e objectiva, numa realidade cada vez mais complexa e com maior número de variáveis. Homem que vive com a necessidade cada vez mais urgente de organizar muita informação e de realizar tarefas com grande rapidez e eficiência. Este Homem, convive com um processo de desertificação, tanto físico como anímico.
Deserto que pode ser analisado como o resultado de uma dinâmica onde o Homem percebe a sua humanidade na razão directa da sua capacidade para dominar a natureza e os outros Homens, sendo incapaz de reconhecer a sua limitação!... um homem que cria, recria, modifica, explora coloniza, domina, mas, é cada vez mais escravo da sua criação por estar preso à vontade crescente de dominar o mundo, o Homem Paranoide!
Homem que modifica a natureza segundo o seu desejo de domínio, que concebe tecnologias cada vez mais avançadas e um meio ambiente cada vez mais artificial, é também produto daquilo que cria, um objecto do progresso que convive com a angústia da solidão. Sente-se inadaptado à situação presente da cidade, que o conduz a uma tentativa de construção da experiência fora dos paradigmas estabelecidos, como que numa vontade permanente de por à prova um sistema cuja falência antevê, dado o carácter inumano que esta alcançou, pela colocação de prioridades que, em vez de contribuírem para o bem-estar geral, servem os interesses de poucos. O que origina um colapso na fé dos grandes sistemas filosóficos explicativos como promotores de uma melhor compreensão do mundo e uma descredibilização do nosso sistema político, para a qual contribui a crescente marginalização social de vários segmentos da população mundial. A coexistência de altos níveis de desemprego, a degradação dos grandes centros urbanos, cria uma frustração social generalizada, que abala profundamente a crença do Homem contemporâneo na efectiva realização dos seus ideais. Levando-me a acreditar que o grande paradoxo social actual é o Homem conviver dia a dia com uma grande quantidade de pessoas e ao mesmo tempo sentir-se solitário.
MAS QUE RAIO???!!!

1 comentários:

Filipe M Antunes disse...

Como eu te percebo amigo...
Um bem haja Arquitecto!